terça-feira, 5 de julho de 2016



As crianças têm muitas vezes, medo de crescer. O crescimento, tal como as crianças o imaginam, pressupõe a perda de alguns “benefícios” que estas consideravam serem eternos, como o direito ao colo e ao mimo em doses massivas, o direito a brincar horas a fio e o direito a errar. Assim, as crianças apercebem-se desde tenra idade, que crescer acarreta maiores níveis de responsabilidade e são confrontadas diariamente com o peso do crescimento até nos próprios pais. Não raras vezes, este peso é-lhes transmitido, de forma consciente ou não, através da partilha de preocupações de cariz pessoal, profissional e/ou monetário, sem que estes tenham capacidade para as resolver, ou até grande parte das vezes, compreender.
Numa outra perspectiva, constatamos que o crescimento arrasta consigo a perda da inocência e espontaneidade, que tantas vezes atribuímos à infância. Talvez por isso, também para alguns pais seja difícil deixar que os filhos cresçam naturalmente. Assistimos hoje em dia a uma elevada percentagem de crianças que têm níveis de autonomia extremamente baixos e que dependem dos adultos e da sua aprovação, mais do que aquilo que seria desejável para a idade. Ao permitirmos e incentivarmos esta dependência e insegurança, estamos a dizer indirectamente a estas crianças que sim, que devem ter medo de crescer, e que crescer é algo tão assustador, que o ideal seria se todos pudéssemos ser sempre pequeninos.
As crianças precisam então de alguém que lhes assegure o amparo de que necessitam durante o crescimento. Precisam que os pais as ajudem a desenvolver a autonomia com uma mão, enquanto as mimam e reconfortam com a outra. É importante que as nossas crianças percebam que o crescimento faz parte da vida e que tal como tantas outras coisas, implica por um lado perdas, e por outro ganhos.
Assim, as crianças que ultrapassam o medo de crescer, vivem a infância com mais segurança e tornam-se em regra, adultos mais confiantes e capazes para lidar com as adversidades da vida.   


0 comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pela sua participação