As crianças têm muitas vezes,
medo de crescer. O crescimento, tal como as crianças o imaginam, pressupõe a perda
de alguns “benefícios” que estas consideravam serem eternos, como o direito ao colo
e ao mimo em doses massivas, o direito a brincar horas a fio e o direito a
errar. Assim, as crianças apercebem-se desde tenra idade, que crescer acarreta
maiores níveis de responsabilidade e são confrontadas diariamente com o peso do
crescimento até nos próprios pais. Não raras vezes, este peso é-lhes
transmitido, de forma consciente ou não, através da partilha de preocupações de
cariz pessoal, profissional e/ou monetário, sem que estes tenham capacidade
para as resolver, ou até grande parte das vezes, compreender.
Numa outra perspectiva,
constatamos que o crescimento arrasta consigo a perda da inocência e
espontaneidade, que tantas vezes atribuímos à infância. Talvez por isso, também
para alguns pais seja difícil deixar que os filhos cresçam naturalmente. Assistimos
hoje em dia a uma elevada percentagem de crianças que têm níveis de autonomia extremamente
baixos e que dependem dos adultos e da sua aprovação, mais do que aquilo que
seria desejável para a idade. Ao permitirmos e incentivarmos esta dependência e
insegurança, estamos a dizer indirectamente a estas crianças que sim, que devem
ter medo de crescer, e que crescer é algo tão assustador, que o ideal seria se
todos pudéssemos ser sempre pequeninos.
As crianças precisam então de
alguém que lhes assegure o amparo de que necessitam durante o crescimento.
Precisam que os pais as ajudem a desenvolver a autonomia com uma mão, enquanto
as mimam e reconfortam com a outra. É importante que as nossas crianças
percebam que o crescimento faz parte da vida e que tal como tantas outras
coisas, implica por um lado perdas, e por outro ganhos.
Assim, as crianças que ultrapassam
o medo de crescer, vivem a infância com mais segurança e tornam-se em regra,
adultos mais confiantes e capazes para lidar com as adversidades da vida.
0 comentários:
Enviar um comentário
Obrigado pela sua participação