sexta-feira, 29 de maio de 2015

   
 É (ainda) difícil procurar ajuda psicológica no contexto da sociedade portuguesa. Apesar de existir sofrimento, a procura de ajuda técnica especializada é culturalmente entendida, por demasiadas vezes, como sinónimo de fraqueza. A esta ideia junta-se uma outra, mais perversa, de que o técnico de saúde mental "trata" tão somente dos "loucos", ou na melhor das hipóteses, dos incapazes. 
   Estas noções, que assinalam a falta de maturidade da Psicologia em Portugal, criam dúvidas acrescidas a quem se encontra em sofrimento, e sente, de facto, uma dor que não é necessariamente física. Primeiro, colocará em causa a legitimidade do que está a sentir, procurando muitas vezes "enterrar"a dor, esperando que esta caia no esquecimento. Depois, mesmo perante a procura de ajuda psicológica, esperará uma solução rápida, a curto prazo, e sem mudanças significativas. 
   A alteração de processos mentais, de forma consciente e duradoura, é fruto de um trabalho conjunto, entre cliente e psicoterapeuta, que não se compadece da necessidade de imediatismo do mundo actual. 
     No entanto, a procura de ajuda é sem qualquer dúvida um acto de coragem, e o primeiro passo para uma boa saúde mental. 

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