Ontem foi noite de São João. Por toda a cidade do Porto, milhares de pessoas de todas as idades saíram à rua, ao encontro uns dos outros. Para ver o fogo na Ribeira, para comer sardinhas, para dançar. Durante a noite de São João, as diferenças sociais e culturais esbatem-se. Todos fazem parte da festa.
Porventura, nem todos estão disponíveis para festejar. Por vezes, fazer a festa é dificil, senão mesmo um incómodo. Talvez sejam os sons estridentes dos palcos, ou a multidão sufocante, ou os martelos de São João que parecem doer mais do que divertir. A festa pode ser angustiante para quem não consegue festejar.
Mas é importante que exista a festa, que haja este encontro entre as pessoas, que seja dada a oportunidade, a qualquer um, de fazer parte do acontecimento. Tal é possível constatar ao observar as crianças. Os mais pequenos, muitas vezes ao colo do pai, brandem o martelo a torto e a direito, com sorriso rasgado, deliciados, por vezes acertando mesmo nos incautos. Aqueles que já não têm o direito adquirido ao colo, olham em volta, à procura de um adulto solícito o suficiente para se baixar um pouco, e levar uma martelada de uma criança. Afinal, eles só querem fazer parte da festa.
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